segunda-feira, 4 de junho de 2012

Solidão

A tua solidão é tão vasta quanto a minha. Confessa.
Tuas noites são povoadas por saudades. E memórias.
Tu também olhas pela janela nas altas madrugadas
desejando um amor. Em segredo.
Tu também te perdes, caminhos errados,
pessoas estranhas – o santo não bate, lembra?
Ninguém desconfia das tuas angústias. Nem mesmo eu.
E então, com meia dúzia de palavras bonitas,
mas difíceis, tu te desnudas. Sem querer?
Não te imagino intencional.
És um aviãozinho de papel
a vagar pelos ventos sem rumo.
Engana-te se achas que é possível
ser terrivelmente feliz nestes esconderijos.
Abre-te para os encantos.
É lá que moram os olhares encontrados, a pele arrepiada,
o pé que encosta no outro sem aviso. As mãos dadas.
Tu me encantas.
Longe, perto, sem saber – até hoje.


(Paula Pfeifer)

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